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sábado, 23 de abril de 2011

Panfleto

Não podemos dizer, por enquanto, que Portugal esteja à beira duma revolta popular. Razões para isso não faltam mas existe uma real falta de estímulo para que isso aconteça. E pergunta-se: seria útil que isso tivesse lugar? E em que moldes?

As revoltas populares no nosso país tiveram sempre desfechos a favor das elites aristocráticas, como foi, a título de exemplo, o caso de Maria da Fonte que se ergueu, sobretudo contra as novas leis fiscais e o recrutamento militar. É verdade que o movimento, que teve origem no Minho, se alastrou a todo o país e provocou a queda do governo, presidido por Costa Cabral. Substituído por outro, chefiado pelo Duque de Palmela, que D. Maria II viria a demitir substituindo-o por outro governo chefiado pelo marechal Saldanha. Isto provocou o reacender da ressurreição (Patuleia), dando origem a uma guerra civil, que durou oito meses e só terminou com a intervenção de tropas estrangeiras (espanholas e inglesas). A essas se seguiram outras mas nunca tiveram o mesmo cariz popular.

Ora, a revolta dos portugueses, nos tempos que correm, só é visível em manifestações de rua promovidas por sindicatos e partidos e, mais recentemente, pelo movimento Geração à Rasca. Até agora os donos do poder têm-se rido destes movimentos de massas e continuarão a rir-se enquanto não apanharem um susto. Mas terá de ser um grande susto.

Quando falo de donos do poder não me refiro a qualquer governo, partido ou sindicato mas sim às abetardas que, na sombra, manipulam, a seu bel-prazer, os destinos da nação. Algumas personalidades bem conhecidas já vieram ao terreno denunciar situações que apoiam aquilo que acabo de afirmar. Também jornalistas, corajosos e isentos, compilaram provas concludentes sobre situações escandalosas que se passam na justiça, na saúde, na educação, etc. E os portugueses o que fazem? Resignam-se. Rezam por um milagre ou pelo regresso de algum D. Sebastião. Se ainda fosse um Sebastião José de Carvalho e Melo, adaptado ao mundo actual, talvez pudessemos ter alguma esperança.

Um marquês, como o de Pombal, ou um escravo como Spartacus que assustou, verdadeiramente, a tirania de Roma é aquilo que precisamos. Alguém que tenha a força moral e dinâmica para nos despertar da letargia. A revolta dirigida por Spartacus foi um dos exemplos de insurreição mais bem conseguida que a história nos oferece. Escravos motivados pelo desejo de liberdade e dirigidos por um homem que lutou até ao fim pelas suas ideias. Não sabemos o que viria a acontecer se nas suas hostes não tivesse havido dissensões que provocaram a fragmentação do exército revoltoso. Ironicamente Spartacus foi derrotado por um homem de nome Crassus (também participaram Júlio César e Pompeu) que mais tarde devido a um erro estratégico numa batalha, onde pereceram cinquenta mil homens, deixou para a posteridade o seu nome ligado a um erro clamoroso ou seja um erro crasso.

Um erro crasso também será, quanto a mim, deixar que este estado de coisas se mantenha sem mexermos uma palha. É preciso dizer aos partidos e/ou aos movimentos que se consideram democráticos que já chega de discursos empolgados que em nada resultam. Ponham de lado as ideologias, as bandeiras, os cartazes e ajudem a construir o movimento unificado a que poderemos chamar portugueses descontentes ou outra designação qualquer.

Ainda estamos a tempo de evitar que, uma vez mais, um partido neo-liberal como o PS ou o PSD cheguem ao poder. Essa é a revolta que eu proponho. Unir milhões de portugueses num objectivo comum ligados por um ideal que não seja mais que a solidariedade de todos por todos. Eu, já com 75 anos não peço essa revolta para mim, mas estarei na linha da frente para a garantir aos meus filhos, netos e bisnetos, como a os de todos vós.

Acordem portugueses é chegada a hora de dizer BASTA.

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