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segunda-feira, 21 de março de 2011

Geração à Rasca

GERAÇÃO À RASCA (Mas, mesmo, à rasca)

O movimento que agora desponta e que dá pelo nome de “Geração à Rasca”, com paralelismo ou conivência de outras facções, com incidências concomitantes ou não, poderá tornar-se numa força contundente contra o actual regime ou ser apenas um fenómeno passageiro que, dentro em pouco perderá força. e cairá no esquecimento.

O primeiro perigo virá da colagem dos partidos políticos que, como sempre, aproveitam qualquer oportunidade para tornarem suas a iniciativas dos outros. E, logo, na manifestação se viram figuras ligadas a diversas facções partidárias. Estavam ali apenas para apoiar ou para dizer: contem com o meu partido?

O povo português está cansado de promessas regurgitadas pelas diversas facções que pagodeiam no parlamento. E a prova disso é o crescente abstencionismo que se verifica em cada acto eleitoral. A panóplia de propostas incumpridas e de soluções inexequíveis cansou e desesperou a população que prefere abster-se a participar numa acção que não lhe confere qualquer hipótese de melhoria.

A esperança que agitou os portugueses, duma mudança para melhor, redundou num enorme fracasso. As mesmas vampíricas criaturas que sugavam o povo antes da revolução (golpe de estado) de Abril de 74 regressaram aos covis, pouco tempo depois de fugirem, para continuarem a sugar o sangue à população, tantas vezes ignara e, quase sempre, confiante.

Outra ameaça para a “Geração à Rasca” é a imprensa, Se ainda alguém tiver a ilusão que o jornalismo (com excepção de alguns jornalistas) poderá ser um veículo de transmissão de ideias inovadoras, desiluda-se.

Não só porque os jornais estão sob a alçada dos grandes grupos económicos tal como, por outro lado, dependem da publicidade para a sua sobrevivência. Quando um jornalista se torna demasiadamente incómodo os “patrões” arranjam sempre maneira de os silenciar e quando não isso, despedem-no ou põe-no na “prateleira”.

A canção dos “Filhos da Luta” que ganhou o festival deste ano poderá ser utilizada como “arma” pela G.à.R. ou como símbolo ou adenda para as suas reivindicações. Vale aquilo que vale. Não foi a sua qualidade que lhe conferiu sucesso foi, outrossim, a sua fórmula panfletária que os votantes subscreveram para manifestar o seu protesto contra o estado de coisas. Por outro lado o: Camaradas, pá cheira a grito partidário. Partidos andamos nós todos. E quem nos partiu? Os partidos!

Se a G. à R. se deixar embalar pelo “melhor” programa (venha ele da esquerda ou da direita) depressa perderá a sua independência e se transformará em mais um satélite deste, daquele ou daqueloutro. Todos os patifes bem falantes (como Botto os apelidou num poema em memória a F. Pessoa), repartidos pelas facções partidárias que nos fizeram acreditar, no passado, que as suas soluções eram as melhores para o nosso progresso e bem-estar devem ser marginalizados e ou excluídos. Descredibilizados já eles estão todos agora urge fazer-lhe sentir isso mesmo e desencadear acções que os impeçam de nos continuarem a vender jogo branco. Se à G.aR. se forem juntando todos os descontes, todos os espoliados, todos os ludibriados e todos aqueles que discordem da forma discriminatória como são, ou virão a ser, tratados podemos juntar alguns milhões que terão força suficiente para bater o pé e dizer: Basta!

Penso que se surgir um movimento que garanta aos portugueses que não se identifica com qualquer programa partidário nem se veja retratado em qualquer ideologia, poderá ter credibilidade para ajudar a mudar o estado de coisas. Mas, então, pergunta-se: Isso não implicará fundar um novo partido político que, necessariamente, terá de andar a reboque de uma qualquer ideologia? Não, de modo nenhum. Não teremos de ser comunistas, ou socialistas ou democratas-cristãos ou outros quejandos que tais. Basta dizer: SOMOS PORTUGUESES. Somos a geração à rasca. Mas vamos desenrascar-nos.

continua

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